sábado, 30 de maio de 2009

SER HUMANO, OU NÃO?

Hoje ao abri meus e-mails (aquele postado na gadget 'contato'), vi que tinha algo para mim do Marcelo Moreira. Bom, eu não o conheço pessoalmente e nem virtualmente. Mas ele me escreveu dizendo que gostava de ler o blog e tal mas que também gostava de escrever mas que tinha um certo receio em divulgar. E particularmente, eu penso, que se você Marcelo, gosta de escrever tem mais é que praticar a mesma, pois é algo maravilhoso. Há, e aproveitando o texto do Marcelo, acabei de abrir nas postagem a marcação 'Textos de Leitores'. Então, espero que esta iniciativa de certo e anime mais pessoas a publicarem seus escritos.
Então Marcelo, eis seu texto publicado no blog.


'Nestes dias em que você fica introspectivo, quase revoltado com a vida, ou melhor, com os seres humanos, nostalgicamente me pus a observar o vai e vem dos carros, motos, bicicletas, carroças, homens, mulheres, adolescentes (há, nós adolescentes, que raça à parte e diversa), crianças, idosos, amigos, namorados, colegas de trabalho, e uma infinidade que não caberia em cem páginas.

E saltou aos olhos o paradoxo da maravilhosa condição humana, tão humanos e tão animais.

Não terei tempo para descobrir o culpado pela divisão das disciplinas de educação em três vertentes, mas o fato é que o conhecimento formal está dividido em ciências biológicas, exatas e humanas. Fico extasiado ao ver que tudo é tratado de forma cientifica e organizada, mas temo que esta tripartição não tenha sido um bom negócio, vendo que duas pernas se desenvolveram e uma atrofiou. O ser humano passeia em Marte com seu robô e, em transmissão intergaláctica, ouve Jorge Aragão, com a precisão de quem está logo ali. Seres vivos são clonados e as esperanças de cura se renovam com o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco. O tripé do conhecimento desenvolveu pernas longas e bem torneadas para as exatas e biológicas, mas a terceira, as ciências humanas, que incluem coisas como a filosofia e a ética, ficou ali, atrofiada e penduradinha, como um bilauzinho neste frio invernal. E isso, tem tudo a ver com a crise humana atual.

Estamos mais grotescos, mais abrutalhados, mais rudes, mais estúpidos. Mais informados, mas, mais ignorantes. Temos automóveis com GPS, mas, dirigimos como trogloditas neuróticos. Viajamos o mundo inteiro, mas, temos preguiça de caminhar até o lixo para jogar o papel da bala. A falta de finesse é geral. Isso tudo, se não for uma piada do demo, só pode ser atribuído à falta de atenção que emprestamos às ciências humanas, justamente aquelas mais sutis, que não dependem de equações, não se baseiam nas medições matemáticas e não podem ser testadas em laboratório.

O vórtice vicioso que nos suga ralo abaixo passa por todas as estatísticas de descaso com as disciplinas que podem desenvolver o refinamento das pessoas. Alguém aí conhece algum emprego para filósofo, sociólogo, pedagogo, historiador, cientista social. Não tendo mercado, os futuros universitários fogem dessas áreas e, para não parar a roda, não tendo procura, há poucos cursos.

O que fazer? Valha-me Deus, esta é uma resposta para as ciências humanas. Ironia, não?. Quem tiver sobrevivido na área terá que formular as soluções para esta crise de humanidade. Não sei onde o flower power murchou, onde o amor livre foi preso, ou, como a vida em fazendas cooperativas se transformou nesse mar de prédios de escritórios neuróticos baseados na competição. Só sei que precisamos voltar até a bifurcação onde tomamos a trilha errada. Nesta que nos encontramos, ansiedade e depressão nos matam, o estresse e a má alimentação engordam, a ira destrói toda nossa capacidade de sentir e amar.

Eu, penosa, lentamente, mas com muita altivez, comecei a voltar. E adoraria contar com todas as pessoas, os irmãos de fé, os companheiros de jornada, os camaradas de ideologia, os humanos de coração, para um grande encontro de volta naquele velho ponto da bifurcação. Onde um dia, alguém colocou uma flor no cano de uma carabina.

Saudações Humanas.

Marcelo Moreira'

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